quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

COMO PLANEJAR UMA ESTRATÉGIA DE SOBREVIVÊNCIA

Este post vai apresentar algumas variáveis para orientar o planejamento de uma estratégia de sobrevivência.


Uma das grandes características de um sobrevivencialista é a proatividade. A preparação frente a um cenário adverso pode ser fundamental para a sobrevivência. Nesse sentido, um bom planejamento é essencial! É isso que diferencia um sobrevivencialista de uma pessoa comum.

De modo algum esse post pretende esgotar o assunto, apenas orientar o planejamento da estratégia e sintetizar o assunto. Um planejamento básico acontece em um cenário, atendendendo a uma (ou mais) necessidade(s), utilizando um (ou mais) recurso(s), que, para facilitar o controle, podem ser divididos em níveis, onde todos esses critérios especificados pelo sobrevivente formam uma (ou mais) estratégia(s) de sobrevivência.

Vamos detalhar melhor cada item:


Cenário:



O início do planejamento reside na situação atual ou prevista do sobrevivente, aqui chamado de Cenário. O Cenário deve conter as váriáveis para as quais deseja preparar-se, devendo ser o mais detalhado possível. Um Cenário deve responder a variáveis como:

  • Quantas pessoas abrange?
  • Quais as idades?
  • Quais os perfis dessas pesssoas?
  • Que tipo de conhecimento elas possuem?
  • Existe alguma limitação (doenças crônicas, idosos, crianças, necessidades especiais, grávidas etc)?
  • Qual a temperatura ambiente?
  • Existe sazonalidade na região?
  • Qual a população?
  • Quais as rotas de fugas possíveis?
  • Deslocamento será necessário?
  • Para qual ameaça quer se preparar?
  • Qual a possível solução?
  • Quais as ameaças sazonais?
  • Quanto tempo deverá ficar nesse cenário? (A dimensão Tempo é importantíssima, ela vai influenciar todo seu planejamento)
  • Conta com alguma ajuda externa (governo, outras pessoas etc.)?
  • Existe plano de contigência caso a estratégia principal falhe?
  • Prevê caso ocorra outra ameaça em paralelo?
  • (... e muito mais ...)
Essas são apenas perguntas de exemplo. Várias outras podem aparecer dependendo do cenário que está sendo analisado. Certamente, quanto melhor o detalhamento, melhor a preparação.


Necessidade(s):



Com o cenário especificado, podemos prever as necessidades que aparecerão. Embora existam algumas necessidades básicas, existem necessidades específicas de cada cenário. Para complicar um pouco mais, a dimensão tempo afeta diretamente as necessidades e, consequentemente, os recursos.

Existem inúmeras necessidades que podemos listar, umas essenciais e outras derivadas. Obviamente a falta de uma necessidade essencial inviabiliza qualquer estratégia de sobrevivência. Vamos ver alguns exemplos:

  • Abrigo (Necessidade essencial - em geral, uma pessoa exposta a frio ou calor excessivo dura poucas horas.);
  • Água (Necessidade essencial - desidratação é fatal em pouco tempo, em geral, uma pessoa resiste aproximadamente 3 dias sem água.);
  • Comida (Necessidade essencial - dependendo do cenário, uma pessoa precisa de até 2000 kcal por dia.);
  • Fogo (Necessidade essencial - na verdade, o fogo é um recurso, mas diversas outras necessidade precisam dele que ele próprio tornou-se uma necessidade.);
  • Comunicação (Necessidade essencial - a comunicação permite integração entre grupos e facilita muito as atividades.);
  • Deslocamento (Necessidade essencial - apesar de podermos nos preparar para permanecer fixos em uma área, um deslocamento por vezes será necessário.);
  • Primeiros Socorros (Necessidade essencial - uma pessoa doente/machucada só complica o cenário e consome mais recursos. Pelo menos os cuidados primários devem ser cobertos.);
  • Segurança (Apesar de um cenário de sobrevivência ser povoado por insegurança - e, principalmente por isso - a defesa das pessoas e dos recursos disponíveis deve ser considerada.);
  • Higiene (A higiene também deve ser considerada em um planejamento, pois evita doenças e melhora o ambiente em geral.);
  • Manutenção (As ferramentas, insumos, equipamentos precisam de manutenção periódica para o seu bom funcionamento.);
  • Treinamento (Em uma situação de sobrevivência real, precisamos ser efetivos - não é o momento de treinamento. Dominar as técnicas e ter prática em atividades úteis ao cenário planejado precisa ser antecedência.);
  • Entretenimento (Bom... Apesar de existirem muitas atividades que devem ser realizadas em um cenário de sobrevivência, o tédio pode acabar com as forças de qualquer um.);
  • (... e muito mais ...)

Recurso(s):

 As soluções criadas para atender às necessidades naturalmente geram os recursos. Os recursos também são influenciados pela estratégia utilizada. Por exemplo, caso o sobrevivencialista decida utilizar um BOL (Abrigo Secundário), seus recursos podem estar fixos em um local. Por outro lado, caso decida usar um deslocamento frequente (estilo nômade), seus recursos devem ser móveis.

Normalmente, um sobrevivencialista já possui um ou mais recursos separado em módulos (os conhecidos Kits), os quais já estão prontos para usar em caso de necessidade. Vou listar aqui alguns mais conhecidos:

  • EDC (Every Day Carry): Um conjunto individual de recursos que uma pessoa carrega diariamente para uso em suas atividades;
  • GHB (Get Home Bag): Um conjnto de recursos planejados para que a pessoa chegue até o local onde terá mais recursos;
  • Kit 72 Horas: Um conjunto de recursos recomendados por órgãos como FEMA, Cruz Vermelha e alguns estados para que uma família possa suprir suas necessidades por 72 horas em caso de emergência (teoricamente o tempo necessário para que a situação se normalize);
    BOB (Bug Out Bag): Um conjunto de recuros planejados para permitir uma evacuação rápida de um local;
  • BOL (Bug Out Location): Um local que serve de abrigo secundário;
  • BOV (Bug Out Vehicle): Trocando em miúdos, é um veículo (carro, barco, avião, bicicleta etc) com um BOB para tornar a evacuação mais ágil;
  • Comunidades / Agrovila / Cooperativas: Bom, esses já seriam recursos tão grandes que fica difícil penser neles como módulos, mas dependendo da estratégia, pode ser necessário uma atitude mais sustentável, como uma agrovila, por exemplo. Obviamente esse já é um planejamento para ser usado por um número bem maior de pessoas. Bem comum em ambientes rurais, as agrovilas são comunidades parcialmente sustentáveis que possibilitam o sustento de várias famílias.
  • (... e muito mais ...)
Isso são apenas os mais conhecidos, mas existem muitos outros, pois cada um atende a necessidades do seu planejamento.


Nível(iveis):


Um planejamento não é fácil de se projetar nem de executar. Vários recursos são consumidos e muito tempo é exigido para preparar, testar e aprender a usar tudo. Depois disso ainda existe a necessidade de revisão regular dos suprimentos. É um trabalho constante e, para facilitar, podemos dividir o cenário, necessidades e recursos em níveis e trabalhar com eles individualmente.

Por exemplo, como foi dito anteriormente, a dimensão tempo influencia diretamente a estratégia. Caso alguém decida preparar uma estratégia de sobrevivência com 6 meses de duração, podemos criar os níveis, que nada mais são que pontos de controle. Podemos dividir os níveis por meses, testar a preparação a cada intervalo de tempo e melhorar o planejamento gradativamente.

Os níveis são bem abstratos mesmo, pois dependem do planejamento. Eles podem ser divididos por quantidade de pessoas, tempo de preparação, recursos adquiridos etc.


Pessoal é isso aí, espero que esse post possa ajudar aqueles que querem planejar melhor sua preparação. Obrigado e até a próxima!

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